Ainda sobre o amor

Ainda sobre o amor

O amor é esteio, enfrenta a tempestade
mas tem lágrimas valente
convive entre a mesquinhez
desenfreada do mundo
sai ileso, perfeito

Mas a vida é como
cobertores perdidos
com o gozo enrustido
em tempos de frieza humana
sem o perfume do amor

O amor faz presença dos pés à cabeça
mesmo com a timidez operante
labaredas em baixa, diminuto fogo

Não é destino velho

Não é destino velho que hoje
Sou poeta,
Mas porque não luto com o sentir
E me deixo viver.

A quadra é meu tormento, terceto
A doce solidão,
Se com rima já tão dói, sem ela
Amargura é refresco.

No papel flutuo como terra batida
Deixada à sorte.
Escolho manter a cortina de poeta
Que já soube não fingir.

Grafia

A cada conto que é declamado,
Um novo Linear de segredos
E resoluções é encriptado
Para encontrar esses de destinados.

Sarcófagos da cegante paixão,
Rodas do turbulento sentir,
Se amas uma flor, no coração
Ela mora e na terra a deixarás florir.

A memória da lírica no lírio,
Cujo pólen perfumou o meu ser,
Cavaleiro do amor, não é nenhum martírio
A favor do teu sentimento distante viver.

DELÍRIO

no solstício das aves

se vestem as asas das flores

e o colibri plana soberbo

entre aspides e sereno

o úniverso se mantém estável

apesar de seu iminente colapso

meus olhos degustam as pálpebras

entre uma procissão de precipícios

-só me resta o delírio do mar

para domar o rio que flui em mim

grades

Foram 700 mil vidas
não tiveram chance de pedir socorro
foram 700 mil vidas
não tiveram tempo de pedir socorro
foram 700 mil vidas
não puderam pedir socorro
foram 700 mil vidas
esquecidas num canto de uma prateleira
faltou ar
não teve vacinas
agora chora.

Inverno

Cama fria, entre cobertores
apenas enfeitam o meu quarto
só mesmo o verão da sua pele
podem de amor agasalhar
e a solidão emudecer
mas é na noite também, que me mandas frequência do teu corpo
a interagir com minhas preces

E essa ausência intensa a me saudar
sei, o inverno é passageiro, mas com este descontentamento
pode acabar por inteiro
com o meu mundo particular

ODE A KRIS KRISFREE

"ODE A KRIS KRIFREE"

by Fernando Antônio Fonseca

a poesia está inscrita:...

nos livros e nos dígitos das flores

está presente nas aspas das palavras amenas

em tudo que está foi e será

nos túneis do tempo cronológico

sua expansão contorna os arco-íris

e acende fronteiras
nos olhos da poesia de:

-kris krisfree!!

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