novas reflexões poéticas

não vivo obcecado pelas traumáticas efusões de escárnio que suportei porque na verdade eu desprezo os agravos insensatos: são imensas as correções que eu promovo quando abjuro o usual entendimento humano; são lágrimas que eu enxugo no superior interesse da razão.

novas reflexões poéticas

obtenho a prova dos meus desacertos para expor ao leitores como os pude superar: através da sinceridade que promovo para banir a hipocrisia; através do desbaste das minhas atribulações recorrendo ao labor do pensamento; através da revelação dos cânones da virtude; através dos meus escrúpulos.

Artesão de sonhos

Era um homem velho, artesão de sonhos,

Aquele que eu via no largo da aldeia.

Como eu gostava de o ver chegar

Envolto em trapos feitos de memórias.

Um corpo esguio, esculpido pela fome,

Um saco vazio, tão cheio de histórias.

 

Eu sentava ali, bem perto do chão,

Enquanto ele olhava tão sofregamente.

Tirava do bolso um naco de pão,

Depois, só depois, voava no céu.

Sem pasta, sem livros, que bem ele lia

Os meus olhos negros trazidos de casa.

 

Então, eu subia, subia, subia

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