Tenho sangue

Não provoca meu inferno, não!
Nem quero revelar meu telhado
O mínimo é meu
Os átomos também
Todas as minhas lágrimas
Estão enrustidas
O final do arco-íris
Não beneficia ninguém
Quero viver sem esta cantiga
Tenho sangue também

EU te dou a paz
Na crise da guerra
O sal da Terra
Não temperou este negócio
Todo dia ele cria mais um sócio

novas reflexões poéticas

a terapêutica da poesia guinda os nossos fervores até ao venerável lugar onde desprendemos os nossos desejos e as teias da nossa sensibilidade; onde expressamos os nossos falhanços e os nossos destemperos; onde repelimos os arquétipos que nos causam pruridos intelectuais.

novas reflexões poéticas

a poesia há de transformar o mundo outorgando-lhe vocábulos que sustentem a sua determinação em batalhar contra o que é feio ou cruel: porque o que transborda desses vocábulos é uma agudeza que se prolonga para além da literatura: porque essa agudeza redunda num tropel de veracidades que se engasta na mente humana.

Tão vazio que enche

Anoiteceu.
Fundações ruem e defesas quebram,
As vozes calam em coro organizado
E os espelhos da alma não mais refletem.

As horas cerradas invocam criaturas
Dos confins do mundo e do pensamento
Para uma macabra festa de dança
De melancolia e vontades desoladas.

Anoiteceu.
Se tudo já ardeu e carvão resta apenas,
Não nos sobra senão a chuva penosa
Que roga pelo coração dos sofridos.

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