o sonho abeira-se do meu ócio para me embriagar com a sua febre inspiradora quando deriva para os ramais túrgidos da poesia: para as palestras concisas e para a franqueza que ela detém; para a esperança que nela cintila.
os versos endereçados pelos poetas são fúteis ou verdadeiros? contêm o timbre duma sabedoria que se desenrola para lá do elementar? ou padecem de consistência na sua busca por afirmação?
ser humano neste mundo confundido deriva para aceções que nos flagelam ou que nos embrulham no manto da hipocrisia; que nos integram numa formatura de inadaptados; que nos fazem prantear.
tenho o insofismável desígnio de me estabelecer na literatura através duma poesia breve e compacta: que seja atenta às agruras do mundo e aos juízos que concebo para me eximir das provocações envolventes.
é tempo de afirmar o sentimento onde os energúmenos se rechaçam; onde os sermões fátuos se removem; onde os litígios se dissipam; onde as náuseas já não têm lugar.
Sabe que gosto tem o gostar
a que horas nos iremos conversar
sobre o que quiser
ou só observar
os ponteiros do relógio dançar
teu corpo nu jogado entre lençóis
esta frio lá fora
não vamos ligar pro depois.e entre eu e vc
se tiver tempo vamos no show da Lineker.
quero embarcar numa nuvem impregnada de utopias para obstruir os pensamentos negativos e os sintomas decadentes; as reações emocionais que recrudescem de intensidade quando eu oiço lengalengas falsificadas.
transporto na alma a marca dos impactos severos a que resisti; as expedições que realizei para clarificar o meu destino; as cálidas noites de luar saídas da minha imaginação.
a génese dos versos que redijo baseia-se nas circunstâncias que traíram os meus sentimentos e os meus ideais; e na paz que germinou quando deixei a gruta dos impulsos para abraçar a razão.