o recreio das palavras
Autor: António Tê Santos on Friday, 1 November 2024homenageio as palavras airosas que sulcam o meu pensamento; que me arrebatam quando fantasiam o mundo que me rodeia; que me transportam a uma galáxia onde a poesia é rainha.
homenageio as palavras airosas que sulcam o meu pensamento; que me arrebatam quando fantasiam o mundo que me rodeia; que me transportam a uma galáxia onde a poesia é rainha.
julgo que as palavras podem alcançar a essência da vida para a reformularem com ideias melhoradas; para produzirem cânticos que nos dirijam à redenção; para contestarem o mundo e as suas façanhas nocivas.
pretendo utilizar palavras que encubram os sermões autoritários de outrora; que se projetem dum eremitério para divulgarem os meus furores; que superem os cenários vulgares para fortalecerem a minha agudeza.
as palavras encravam quando as discriminamos; quando lhes extraímos afirmações que as importunam; quando desprezamos o seu valor; quando transferimos para as nossas atitudes um rancor exacerbado.
as palavras incentivam-me quando os versos brotam da alma para relevarem o meu mérito; para anteverem os meus sucessos iminentes; para ampliarem o rol de emoções que eu pretendo transmitir aos leitores.
as palavras florejam quando nós as julgamos esbeltas ou argutas; quando elas ostentam os nossos sentimentos profundos ou os nossos apuros existenciais; quando elas transitam para a insigne poesia.
lembro as palavras inocentes que fundamentaram as emoções onde naveguei sem pudor; onde a minha alma se debateu e fracassou; onde a calúnia envolveu a minha fragilidade; onde me transviei dos itinerários da minha progressão.
as minhas palavras transbordam de inocência quando repreendem o mundo pela sua face violenta; pelo seu arfar em torno de quezílias sem importância; pela repercussão dos seus intuitos malévolos.