À beirinha do mar

Ficarei assim
 
à beirinha do mar
 
quando assim me procurares
 
abrindo as portas da vida
 
no regresso abreviado
 
onde em formosas cascatas
 
te faço primavera afeiçoada
 
 
À beirinha deste mar
 
iremos
 
tu e eu, amainando os
 
mesmos leitos onde correm
 
nossos rios
 
afogaremos de paz todas as correntezas
 
ancoradas em cada sondo delirante
 
amnistiadas até ao supremo sopro
 
das nossa vidas
 
 
À beirinha desta história
 
te contarei
 
sem desassombros
 
toda a beleza casta
 
onde cada dia
 
o dia me atiça
 
em versos
 
me súplica
 
em noites cada gesto aplaca
 
e ameniza
 
 
À beirinha do teu olhar
 
ficarei para suplantar
 
qualquer onda do mar
 
cuidarei apressado de cada noite tecida
 
no ocaso onde iremos
 
consolados e discretamente aportar
 
 
À beirinha dos abraços
 
te darei mais que vida
 
um poema arrebatado
 
mais que palavras
 
a renovada e faminta esperança
 
atapetada em nossos corações
 
vibrantes
 
multiplicados por mil actos de amor
 
urgentes apaziguadores e coniventes
 
FC
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