À Nação (23-01-2014)

Bramindo entre as tenebrosas brumas
	Rumas tu – indefeso pedaço surdo;
	Que, no vulto escuro, assumas
	O que foste tu um belo dia: tudo!
	(Agora, segues cabisbaixo, triste, mudo...)
Rugindo como feroz leão,
	Coração que outrora batias,
	És um velho felino perdido na solidão;
	Surgido do inconstante nada (outrora rugias…):
	Agora, escondes a cara com que surgias…
Ó Portugal despedaçado, derrotado,
	Que nas inconstantes sombras não sobressais,
	Que afliges com a tua rouca voz e rosto fechado –
	Sem nada – sem nós, sem paz, velado:
	Pegas em ti e, vazio, perdido, lá vais...
Encosta a tua cabeça ao meu ombro
	E chora a angústia que te invade –
	Não passas do nada sob o escombro
	Que ruiu sobre ti (que grande maldade):
	És tu um pedaço que morre de saudade...
Tiago Reis