À Noite
Que me venham as palavras porque as perdi!
Já nada existe aqui para ver
uma concha partida, um quadro rasgado,
um reflexo antigo
oco, perdido e desolado.
Uma mente vazia
há muito esquecida
numa das suas memórias
manchada na tempestade...
De onde me vêem estas ideias?
Estes fluxos constantes e indignos de pura imaginação,
marés de estranhos proto-pensamentos,
sem clareza, sem calor e sem alma
que levam os meus sonhos envoltos num sudário...
mas na morte também eles se tornam apenas fumo.
Resta uma colecção velha e ordenada de começos sem fins,
ou de fins que nunca começaram...
não há mais nenhum lugar para ir,
nem tampouco onde ficar.
Resta apenas roçar os dedos
em pensamentos, idéias, esperanças
e sonhos desenhados na parede,
trocas de voltas à vida,
ou é o contrário?
Acabo de me perder na neblina...