Águas
Lembro que, maliciosamente, brinquei com teus pelos
E percorri com a ponta dos meus dedos tão maliciosos
Cada curva de cada pequeno seio teu – dons preciosos
Túrgidas e belas testemunhas da fome dos teus apelos.
Comi tua nudez. Amei cada um dos teus belos detalhes
E me adonei gostosamente de todas as tuas lindas vias.
Te vi chovendo. Borrasca de paixão, tu toda escorrias,
E qual rara peça esculpida, me expunhas teus entalhes.
E na tua boca sequiosa – desejo – eu me fiz teu alimento
Do meu corpo sequioso bebestes – ávida - o doce alento
Dessa seiva viva da vida que, igual à minha, tu deságuas;
E depois que também eu saciei minha sede na tua fonte,
Não descansamos. De mãos dadas já cruzamos a ponte
Que nos leva a sentir, de novo, o brotar de nossas águas!