ÚLTIMO POEMA

 ÚLTIMO POEMA

 

Um dia, quando chegares à laje 
em que descanso, 
não mudes teu meigo gesto, 
tímido e manso... 
Não chores, não lamentes,
E nem sinta  ciúme...
Não te preocupes com as flores, 
lembra só do seu perfume... 
Não me busque ali, 
Pois que ali não habito...
Na pedra húmida e fria
Algo haverá por certo escrito: 
Ore apenas e, solitária na saudade, 
Não digas nada;
Busca apenas entender o que fomos 
na jornada.
Eu juro: Onde quer que estejamos 
tudo ouvirei neste  momento,
pois quem amou tal qual amamos, 
basta apenas pensamento!

Nelson de Medeiros 

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