“ELE era poesia. ELA não sabia ler”

Ele acostumou-se a ser poesia, 

a enxergar poemas, a extrair delicadezas, 

a desejar gentilezas. 

Mas calculou errado. 

Na sua mente tão congestionada, 

permitiu que ela, tão fria e errada, 

ali fizesse morada. 

Dentro do seu coração generoso, 

não cabiam dúvidas e divagações. 

E por isso ele insistia em ver nela versos 

que ela nunca soube ler. 

Ele teimava em ouvir dela poemas 

que ela nunca quis recitar. 

Ele esperava dela danças 

que ela nunca ousou dançar. 

Ele dançava sozinha, 

escutando em seu ouvido 

sentindo cada uma das canções 

que ele jurava a ela a composição

mas era tudo fruto da imaginação, 

o encantamento, a forma de ver a vida

sempre sentindo o coração

Sua alma colecionava ilusões

(Texto adaptado de Fabiola Simões,

por DiCello, 18/08/2019) 

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