A***

 

Acaso és tu a imagem vaporosa
Que me sorriu nos sonhos d'outra idade,
Como a luz da manhã sorri formosa
Nos espaços azues da immensidade?
És tu esse astro que minha alma anhela,
Que debalde busquei no mar da vida,
Qual busca o nauta bonançosa estrella
No meio da procella enfurecida?
Ah! se és esse ente que meu ser domina,
Se és essa estrella que meu fado encerra,
Se és algum anjo da mansão divina
          Pairando sobre a terra;
Já que baixaste a mim, já que a meu lado
Me apontaste sorrindo o ethereo véo,
Não me deixes na terra abandonado,
          Transporta-me ao teu céo!
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