Abandonada

Abandonada

Pelo teu silêncio incrédulo ,

egoísta,

cruel,

turbulento,

covarde,

em sílabas que queimam em fogo ausente de chamas.

 

Abandonada ,

em alfabeto do fim,

na catástrofe da noite,

na  cegueira do vício,

na doença,

no pobre pensar,

no falso olhar em órbita vazia.

 

Abandonada,

no silêncio das palavras inacessíveis,

na dor,

no presente,

na terra nua,

no deserto em areia fina,

na escolha,

nos subúrbios que silencias a felicidade

és abandonado,

por ti dentro de ti,

pelo vácuo da tua voz,

pela carência,

pela ignorância,

pelo cântico do mergulho fundo.

 

Abandonada em teu abandono.

Gila Moreira

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