Abraço
Rodopiam-me as letras na cabeça
Martelam...tresloucadas e sofrêgas
Dançam valsas metafóricas
Correm, saltam, embatem...
Aguardam por ti... as letras
Como eu aguardo
Na ansiedade de
No silêncio da noite
Chegares mansamente
Como sempre chegas...
Com a ternura numa mão
E a alma na outra
Que vais desenovelando...
O suave perfume das hortências
Que exalas, colado a ti
Apesar de distâncias ilusórias
Bálsamo de almas perdidas
Ou recordações de vidas passadas...
Os teus sonhos
Que entram nos meus
Os meus sonhos que
Perpassam os teus
O calor de ti
Que ecoa numa voz pressentida
Em abraços... apertados
e... como te sinto...
Então...
Quando as letras percebem
A tua doce presença
Acalmam-se, descansam...
ajeitam-se, alinham-se..
e... sozinhas
Inebriadas pelo teu perfume
formam palavras
Compôem poemas
depois de me terem passado no coração
de onde levam um pedacinho
Porque eu não escrevo poemas
As letras escrevem-nos por mim...
A ti...