Adágio matinal
Autor: Frederico De Castro on Wednesday, 6 April 2016
Além dos meus silêncios reside
um tempo habitando as noites
onde calço cada lágrima se espezinhando
solitária pelas calçadas da vida
pavimentando os pensamentos
algemados no hospício
dos meus poros em velamento
- Deixei de seguir a existência
das coisas banais…absoletas
Resgatei somente e elasticidade
de um beijo encostado ao recife
dos teus afagos
Prontifiquei-me a morrer
coreografando os desejos ensaiando
o derradeiro abraço deixado
no púlpito dos teus braços
- Conto parir um poema
na afeição breve de um lamento
agregado aos delírios fumegantes
de um ópio em teu ser todo
irradiando de rebuliço
ofegante
- Deixa-te inundar pelos silêncios
suaves
num espasmo quase aconchegante
Conjectura comigo toda a
conivência deixada no prefácio
dos meus prantos
- Completa a moldura onde deixamos
o retrato feliz das nossas almas forrando
cada prece no lambrim
dos instintos itinerantes
Retrata meu tédio saltitando
de insanidade
sugando teus gracejos
desejando-te num cataclismo
quase expectante
- Mostra-te no museu dos meus
sonhos
onde fantasias este anoitecer
conformado
trombetando ao mundo
este amor empolgante
que espera….espera
de tanto te apetecer… alucinante desespera
FC
Género: