Adeus

Adeus

 

Chegaste.

Mal te vi, corri para os teus braços.

Abraçamo-nos, Beijamo-nos.

Num movimento inseguro, saí dos teus braços,

E afastei-me.

Tímido.

Sentamo-nos no sofá.

Eu encostado, tu inclinado para a frente.

Silêncio...

Olhaste para mim. Sorriste.

Silêncio...

Perguntaste-me como estava. Disse que bem.

Retribuí a pergunta. Respondeste o mesmo.

Silêncio...

Começaste a contar o teu dia-a-dia.

Não tinha interesse, mas a forma como o contavas,

tornava-o belo.

E assim o gelo foi quebrando e o tempo passando.

Era hora de ires embora.

Beijamo-nos, abraçamo-nos e afastamo-nos,

num movimento inseguro.

Chamaste o elevador.

Eu esperava junto à porta.

Silêncio.

O elevador chegou. Abriste a porta.

Sorriste e entraste.

Fechei a porta e corri para a janela.

Fiquei à espera que aparecesses...

Apareceste.

Num passo vagaroso e torto, ias-te tornando mais pequeno...

Olhaste para trás,

Dissemos adeus.

Já não via as tuas feições, mas os teus olhos brilhavam.

Viraste-te e continuaste a andar.

Vi-te tirar um lenço do bolso. Assoaste-te e limpaste os olhos.

Cada vez mais pequeno...

Viraste-te uma última vez.

Dissemos adeus.

Desta vez ficaste mais tempo a olhar.

Sorriste, viraste-te e continuaste a andar.

Estava quase.

Chegaste ao fim da rua, viraste a esquina.

Saltei do parapeito da janela e fui brincar.

Era o meu aniversário. Fazia 6 anos.

Foi a última vez que te vi.

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