Agora me Sinto Alegre e Inspirado

Agora me sinto alegre e inspirado em chão clássico;
    Mundo de outrora e de hoje mais alto e atraente me
                                                                           fala.
Aqui sigo eu o conselho, folheio as obras dos velhos
    Com mão diligente, cada dia com novo prazer.
Mas, noites fora, Amor me mantém noutra ocupação;
    Se apenas meio me instruo, dobrada é minha ventura.
E acaso não é instruir-me, quando as formas dos seios
    Adoráveis espio e a mão pelas ancas passeio?
Compreendo então bem o mármore; penso e comparo,
    Vejo com olhar tacteante, tacteio com mão que vê.
E se a Amada me rouba algumas horas do dia,
    Em recompensa me dá as horas todas da noite.
Nem sempre beijos trocamos; falamos sensatos;
    Se o sono a assalta, fico eu deitado a pensar muitas
                                                                         coisas.
Vezes sem conto eu tenho também poetado em seus
                                                                         braços
E baixo contado, com mão dedilhante, a medida
                                                                         hexamétrica
No seu dorso. Em sono adorável respira,
    E o seu hálito o peito me acende até à raiz.
O Amor atiça a candeia entretanto e pensa nos tempos
    Em que aos Triúnviros seus o mesmo serviço prestava.

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