Ah!

Ah! o que um escritor tem na cabeça nunca se saberá.... suponho até que nem o escritor alguma vez descobrirá será amor? será dor? eu às vezes penso que sei mas imediatamente a seguir tenho que o admitir fico na ignorância total porque as ideias saltam, pulam e afinal bonitas e feias não me deixam sossegar não me deixam descansar fervilham insistentemente deixam-me demente e pego na caneta e no papel e descarrego... o fel inundo a folha de mel ponho os personagens a cantar a discutir, a lutar, a pensar com heroísmo e com medo seja tarde ou seja cedo e não consigo parar de escrever e não consigo perceber ainda que não pareça tudo o que me vai na cabeça e dou por mim a ser controlado pelas palavras que escrevo e nem me atrevo a resistir porque elas são capazes de rir da minha impotência... acham que é demência? já tenho pensado nisso e mesmo por isso escrevo agora estas linhas que são minhas e ao mesmo tempo não são porque saem do coração saem dos dedos rápidos saem dos pensamentos ávidos e têm uma vida autónoma uma vida que vão viver quase sem querer porque eu as escrevi e alegremente as pari... sou o pai e sou a mãe conscientemente e desfruto alegremente dessa paternidade e dessa maternidade... é doloroso escrever? ou sente-se prazer? a vida tem de tudo e eu não sei descrever o que vai na alma e fico calado e mudo e falo sem parar porque tenho vontade de explicar e porque não tenho vontade de explicar escrever é assim é o principio e é o fim sai da cabeça e sai do coração sai mais da cabeça que do coração e sai mais do coração do que da cabeça é uma aflição sem explicação e ver um folha em branco e ter uma caneta na mão é um desafio, é uma paixão que só pára quando a folha está cheia nunca meia.... sempre completamente cheia! e mesmo depois de cheia a paixão não se dá por satisfeita assalta a mente como uma seita e não deixa o seu autor ter um momento de repouso eu nunca nesses momentos ouso discutir com a imaginação e deixo-a fluir até a deixo rir de mim.... e querem saber sem desgosto até gosto!