Alcatifando a noite
Autor: Frederico De Castro on Saturday, 9 April 2016
Acompanha-me a noite cerrada onde se revela
a doce luz desnudando toda a melancolia
que em tons suaves
formata teu post colorido
deixado ali à mercê de um eco
à coca da minha janela
Foste fiel sentinela na guarita dos
meus desejos
Aprisionaste o tempo sob um mero
capricho em fuga sem sentido
Fecundaste a vida ilustrando
a gravidez do mundo onde
desaguam os dias
ensopando-nos os silêncios
pestanejando por entre a folia
de um aguaceiro onde mergulho
saciando-me à tua revelia
Sob os primores dos teus
contentamentos
resguardo-te esta madrugada
embrulhada
em papel pardo
afogando-me assim num sermão de amor
segredado num uivo à capela
como sou
enfim
tão felizardo, tendo-te fiel, esculpida
como um cravo à minha lapela
E assim o dia despiu sua maquiagem
desmanchando cada segundo
sonâmbulo que percorro debruando
a tez do teu ser
se evaporando neste poema
em tua homenagem
Deixei pra trás os engarrafamentos
de solidão
Renasci terraplanando novas
linguagens
improvisando outras paixões
Desenhei outros sons pernoitando
na Web dos nossos silêncios
Aventurei-me entre linhas virtuais
onde promulgo as saudades
encastradas no e-mail
quase desabitado
resumindo num verso factual
o alinhamento de um beijo
datilografado a rigor…e tão consensual
Vou deixar em rodapé
um abraço pra quem fica
um nota breve enterrada
em cada célula onde morre
o tempo
navegando à vela içada das
tuas geniais gargalhadas
bebendo na textura da vida
cada sonho que perscruta a alma
pra ti sempre escancarada
Vou povoar todo este enredo
de encanto
com vestes de cetim trajando
Deixar pingar a noite em solo
de estrelas
alcatifando os dias onde me refugio
sem pompa ou circunstância
apascentando toda a alma que ao
teu redor campeia
feliz
ornada de astros qual candeia
na noite insuflada de beijos
que o desejo fértil
tentadoramente ateia
FC
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