Alice
Reparo nos traços de Alice.
Agarro na minha Polaroid e imortalizo-os.
Amanhã agarro no meu lápis e escrevo-lhe apaixonadamente.
(É que tenho muito medo)
-Alice?
- Sim?
- Promete-me que não vais esquecer quem és? - Se isso acontecer, deixo-te a fotografia e a biografia contada a carvão junto da tua mesa-de-cabeceira.
- Se não vou saber quem sou, tão pouco vou-me lembrar de ti. – Respondeu Alice de mãos sobre o queixo como quem ainda é criança inocente.
Alice e o seu ar de menina, os seus pensamentos persuadem sob tudo aquilo que eu não conseguia explicar, falando-lhe.
Ficava-lhe sem argumentos porque tudo nela era vida consciente de um tão inesperado fim.
- Alice? Dentro da tua gaveta também está a minha biografia e algumas escritas.
- Então já podemos morrer. (diz Alice acendendo um cigarro, sorrindo-me disfarçadamente.)
Levanto-me, apago-o.
Observo-a por instantes e pergunto-lhe o porquê dos seus atos.
- Para esquecer.
(responde-me aturdida, levantando-se, batendo assim com a porta, abrindo-se esta novamente…)
Alice sai. E pousa um silêncio carregado.
Levanto-me. Abro-lhe a cama e acendo todas as luzes da rua.
Deixo a chave de fora.
E por fim abro-lhe as gavetas onde estão os manuscritos;
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“ Alice por mais que goste de mim… Eu gosto mais de ti. Agora lê isto e vem deitar-te. O hoje já passou e o amanhã está quase. - Sabes agora quem eu sou e o que és para mim?”