Alma (23-01-2014)
E, de repente, perdido nas malhas do tempo
Vejo-me tão longe do perto que já estive de ti –
Vejo-te vagamente, numa sombra dissipada, num lamento:
Sei que já estiveste em mim e que, um dia, te perdi
Não sei em que emaranhado sem nexo te encontras
Mas despontas, com elegância, na linha do horizonte
Onde o meu olhar, cansado, se lança e descansa
Embatendo nessa Luz forte e poderosa, defronte...
E é nos sonhos mais lindos que te acho, preciosa
É nos momentos mais sós que te ouço, adorada...
(Mas a minha mente tem essa esperança viciosa –
Que um dia serás a minha eterna bela-amada!)
Vem d’encontro ao meu corpo, preenche-me –
Sê minha na minha vazia alma – acontece-me!
E juntos na malha complexa que é a morte, a vida
Sintamos que não passa d’uma breve despedida!
Cipriano Dias