ALQUIMIA DO TEMPO
DO TEMPO
Corro em volta do pensamento
Porfiando um amor que em mim se fechou
E nele, ecoam as vozes que o tempo calou
Afogadas na mordaça do pântano do lamento.
Por águas turvas em cinzenta espuma
Um derradeiro olhar para te encontrar
Na espiral de vultos que levitam na bruma.
Batem asas de anjos nos meus ouvidos
Sinto na minha pele o aroma do teu perfume
Sinto na minha a tua boca rosa de lume
Estrebuchando a alma despertando os sentidos.
Reinvento-te por entre o tempo perdido
Moldando o meu desejo ao imaginário
Dou-te a forma do caminho percorrido.
Retenho no meu, o teu espirito celeste
Soletrando a palavra desejo, incendiada
Nos teus seios, jaz a ampulheta cinzelada
Tempo de areia, acaricia teu corpo agreste.
Alquimias do tempo, trazidas no vento Suão
Galgando, bramindo por entre pinheiros mansos
Zunem, orquestradas pelas estrelas da constelação.
São gotas de orvalho, perolas no jardim da ilusão.
Que minha mão colhe nas lágrimas do teu pranto
Marcas o tempo, na areia lanças magia e encanto
Suavizando a saudade que corrói o coração
Alopatia da cura nos segredos do universo
Transgressão da harmonia, desalinhamento astral
Viajem alucinante nas letras do verso.
Segrega a voz do lamento da tua queixa
Selando de mármore os ouvidos de quem ama
Varrem-se as memórias, apagando a chama.
Rompendo o sopro, que tudo leva e nada deixa
Recordação angélica, telepatia da nossa história
Eco longínquo do momento do reencontro
Um fogacho cadente no tempo e na memória.
Vou fazer o teu sorriso com afetos de alquimia
Batida do coração, ao ritmo do bolero de Ravel
Duas raspas da tua alma, num poema de Brel
Tempero com sol e lua, decanto com a luz do dia.
Num gesto de tédio, dardejando o pensamento sem espaços
Bebo o cálice da alquimia, mato a fome e a sede no infinito
A visão esbatesse, a tela da lembrança projeta-se num grito
Selo a memória e o momento do teu corpo nos meus braços.
Nossos corpos alados, ganham forma e garras de condor
Rodopiam em bebedeiras de azul, num volteio ligado
Entrelaçados pela harmonia do tempo, num bailado de amor
Comentários
Madalena
4ª, 18/12/2013 - 15:15
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Choro de dor ao ver o
Choro de dor ao ver o desperdiço de amor, enquato tão só lamento poderia te fazer companhia, nestas minhas noites tão frias! Não entendo, porque coração como o seu o meu, tem que viver assim. Mas se for só poesia, "Alquemia do Tempo' chegou bem a tempo...De refletir bons momentos!
Beijos!
josé João Murti...
5ª, 19/12/2013 - 23:04
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Poetisa das Palavras Doces
Madalena,obrigado pelas tuas palavras e pelo teu afeto.
São considerados infortunios as ocorrências naturais do processo da existência humana (entre outras) a perda de pessoas queridas.
Por vezes ante as dificuldades do caminho e as rudes provas da evolução (quando assistimos de forma impotente ao definhar da(s) pessoa(s) que nos são queridas), surge a interrogação porquei? e só a prece ungida na confiança em Deus, impede de resvalar no abismo da revolta.
Um pouco de silêncio intimo e de concentração, aberto á inspiração para encontrar algumas respostas.
Depois tudo esvoaça no tempo (pouco tempo que lhe resta), depois vem o tempo da dor que me alcança e é minha. Ninguém a sofrerá por mim. Até que o tempo vá fechando e cicratizando a ferida aberta.
Um beijo grande para si
João Murty
Madalena
4ª, 18/12/2013 - 20:12
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Abraços amigo! Uma coisa te
Abraços amigo! Uma coisa te digo; não ficarei neste castigo!
Beijinhos para si!
josé João Murti...
5ª, 19/12/2013 - 23:15
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"Tudo vale apena quando a alma não é pequena"
"Se tudo vale apena, quando a alma não é pequena"
"Infnito do meu calor perpetuado na tua alma, Madalena"
João Murty
Madalena
5ª, 19/12/2013 - 23:58
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Obrigada! "Poeta das palavras
Obrigada! "Poeta das palavras doces também!"
Beijos e grande para si!