Aniversário

Eu, o anátema, num estado de solidão,

num caminho crescente e minguante

na escuridão inveterada

no silêncio retumbante...



Um dia encontrarás uma carta

um pergaminho amarrotado,

manchado com as lágrimas e o sangue

que fluem livremente da minha alma.



Não há loucura na escuridão



entreguei a vida

às mãos cruéis do tempo

pois que mais um ano se passou,

e uma eternidade...



é por isso difícil olhar nos olhos

o rosto que o espelho me devolve.

Uma imagem do tempo de envelhecimento

a drenagem da juventude da carne e dos olhos



E não há loucura na escuridão



e as minhas mãos perderam substância

a minha caneta perdeu o seu fluxo

e as minhas palavras lentamente perdem significado

reformuladas e descartadas diante dos meus olhos.



É para o abismo que olho

horas e horas, curiosamente num infinito vasto

O nada absorvido completamente no sentido,

tornando-se sem medo

o algo

que como eu, desaparece lentamente a partir da luz do dia...

Género: