ANJO CAÍDO
Autor: Bulhão Pato on Wednesday, 9 January 2013
Na flor da vida, formosa, Ingenua, casta, innocente, Eras tu no mundo, rosa! Quem te arrojou de repente Para o abysmo fatal! Viste um dia o sol de abril; O teu seio virginal Sorriu alegre e gentil. Ergueu-se aos clarões suaves D'aquella doce alvorada A tua face encantada. Amaste o doce gorgeio Que desprendiam as aves, E no teu candido seio Quanto amor, quanta illusão Alegre pulava então! Mal haja o fatal destino, Maldita a sinistra mão, Que em teu calix purpurino Derramou fera e brutal Esse veneno fatal. Hoje és bella; mas teu rosto Que outr'ora alegre sorria, É todo melancolia! Hoje nem sol, nem estrella, Para ti brilha no ceo; Mal haja quem te perdeu! Novembro de 1857.
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