ANOITECENDO EM LÁGRIMAS
Já não tinha o sol poisando em desmaio
No horizonte marinho;
Nem o tremor do derradeiro raio
A alumiar meu ninho!
A brisa fagueira com seus perfumes
Também não murmurou...
No céu, a chusma de mil vaga-lumes
Tanta treva apagou.
Morto era o canto nos altos coqueiros,
E da vida as cordas
Calaram-se ouvindo os loucos pampeiros,
Suas medonhas hordas.
Tudo era triste na praia deserta,
Como em meu coração!
O mundo era hostil, a vida era incerta
Só havia ilusão.
Às vezes, rasgava o seio celeste
A tosca trovoada,
Tornava o relâmpago o céu agreste
Em sua cavalgada!
Ah! Defronte a ti tanto sentimento
Em minh`alma pairava;
Foste-me a glória naquele momento,
Quando a lua chorava.
Com ela as flores, e o mar agitado
Nos penedos morrendo,
E a areia que era um tapete dourado
À lufada se erguendo.
Rolava tão vaga em tua alva fronte
Uma lágrima ardente,
Qual chuva caindo por sobre o monte
E molhando o poente.
Co`as meigas lembranças num frio sorriso
Tu brincavas saudosa,
Já tão distante do áureo paraíso
Da paixão grandiosa!
Tivera em teu seio eu feito um abrigo
P`ra não ter ir de embora,
Poderia ficar sempre contigo
Contemplando a aurora!
ALEXANDRE CAMPANHOLA