*ANTES DE ABRIR A CARTEIRA*

Aqui leitor socegado!
Velho burguez d'outras eras!
Depõe o livro de lado;
--Não leias estas chimeras!

Não corras esta carteira
Meu velho amigo sem dentes!
Em quanto geme a chaleira
Sonha em teus mortos parentes!

Mas vós amigos dos sonhos
Doces mysticas violetas,
Castos selvagens tristonhos,
E solitarios poetas!...

Que amais as tristes paysaygens
E as cousas mysteriosas,
A longa chuva, as viagens,
E as melodias nervosas.

Nas longas noutes d'outono
Que o vento varre a poeira,
E a chuva bate--sem somno!--
Folheae esta carteira!

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