_Ao Illustrissimo, e Excellentissimo Senhor Conde de Villa Verde, hoje Marquez de Angeja_.

Em sege estreita entaipados,
Sol á ilharga, Sol por cima,
Vinha eu, e o Padre Lima
Cheios de pó, e encalmados.
Eis-que na estrada atacados,

Párão as mulas baratas;
Cuidei eu que erão Piratas,
Que tirão vida, e dinheiro,
Fui ver se era o Clavineiro,
E achei duas Açafatas.

Trazião a arma mais dura,
Que nos peitos se tem posto,
Trazião ambas no rosto
O respeito, e a formozura.
Querem sege mais segura,
Porque a sua está quebrada;
E em quanto o Padre na estrada
Lhe diz palavras pompozas,
As minhas mãos respeitozas
Lhe affoufavão a almofada.

Trabalho infeliz fizerão,
Porque meus Fados são tais,
Que acceitando tudo o mais,
A almofada não quizerão.[22]
Debaixo dos pés puzerão

[Nota de rodapé 22: Por cauza dos toucados altos.]

Minha obra desprezada
Senhor, não fazemos nada,
Tomar vãos trabalhos oizas,
Tem todas as minhas coízas
O destino da almofada.

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