APENAS UM FIM

APENAS UM FIM

 

Quando juntos, juntinhos lado a lado,

Trilhámos rumos, sonhámos acordados

Cantando o amor em silêncio imaculado

Como imberbes peregrinos degradados.

 

Quando ao de leve os dedos se tocavam

Em cálidos murmúrios sussurrados,

Enlaçados em palavras que sobravam,

Calavam os gritos dos beijos desejados.

 

Mas um dia entre nós um frio soprou,

Embalado em ventos do norte agreste,

E tal como morte lenta se impregnou

Nas professas ilusões que me fizeste.

 

Agora o teu doce olhar me amargura

Cobrindo o meu corpo de uma capa fria,

Despe o meu ser, deixando-me nua

A vaguear só, sem cor e de alma vazia.

 

As lentas sombras que ora me cercam,

Traçando doces abraços estendidos,

Desfazem longos laços que me apertam

De tardios beijos e amores perdidos.

 

Até o sol partir e eu, triste, acordar….

 

 

Orlando Martins

 

 

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