*ARANHA*

N'um sonoro theatro antigo da Alemanha,
D'um violino aos ais, banhada de luz viva,
Surgia d'um covil uma grotesca aranha,
Dos banquetes do Som habitual conviva.

O ser sombrio e obscuro, ó meu amor! não priva
Da adoração do Bello, a adoração extranha!
E assim se embriagava a escura pensativa
Da lyrica emoção que nossa alma banha!

Mataram-a uma vez. Não mais a pobre amante
Da Musica, surgiu áquella luz brilhante;
Foi-lhe o velho theatro a sua sepultura...

Assim preso tambem pela attracção que choro,
--Não te rias cruel! Ó idolo que imploro!...
Tu és o Violino e eu sou a aranha escura!...

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