A arte do eu

Eu, Matheus, sou falso. Cheguei a essa conclusão hoje de manhã. Não falo o que é necessário, apenas o desconfortável para as pessoas. A indiferença correu minhas vísceras, tudo é tanto faz, tanto fez; se eu morrer amanhã, não faz diferença, nem para mim, quiçá, nem para todos. Sou honesto o bastante para admitir meu amor pelo mundo. Quero ser parte dele, uma peça do quebra-cabeça, jogar o seu jogo e raciocinar como ele. Simultaneamente, faço o possível para afasta-lo. Sinto-me uma estrela qualquer que irá explodir e brilhar com toda sua essência, vitalizar sua força em luz.  A única diferença é que estou além de zilhões de anos-luz de uma estrela. Minha luminosidade foi escurecida há séculos.



Melancólico sujeito preso em solipsismo, não consegue escapar disso. Todo seu condutor de energia é mental. Ele busca entender a estrutura do real através da lógica. O que é a lógica se não o objeto cognoscente com ela mesma, vivendo em um eterno enamorar constante interrompido pelo elemento ‘’emoção’’; a lógica é a emoção emparelhada em setores, classificada e usada conforme o meio. Falo em terceira pessoa, quero ser uma apercepção, um Deus ex machina que sabe de tudo e irá resolver tudo impetuosamente.



 A arte é o religare com o meu sagrado, a forma que tenho para atender as preces de um homem fatigado. Na arte sou mais intrínseco. O fantástico mundo da idealização é aqui, onde os fantasmas da ópera dançam na macabra sonata da morte. Na arte consigo ser o homem mais verdadeiro-falso escritor das montanhas. O antizaratustra: os sermões da desolação para mentes tranquilas, mas turbulentas.

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