auto-retrato

Vivo atormentado pelas coisas que não faço.

Sou uma ilha de dormência e de cansaço,

sou um coveiro de ideais

e um caixão para mim mesmo.

 

Sou um verbo nulo,

uma colectânea de silêncios

que se apanham do chão como beatas;

sou uma obra abstracta

vandalizada e deitada fora.

 

Já fui gente, outrora,

desse tipo que vive à espera

do dia em que há-de começar a viver;

 

Já fui a bandeira de uns loucos

que aos poucos e poucos

deixaram de o ser.

 

Já fui o cuidado e o abandono.

 

Ah, e agora?

Agora espero a hora de morrer,

queira a morte aparecer

e embalar-me o sono. 

Género: 

Comentários

Não sei o que foste. Nem sei o que fazes. Mas sei, que tens alma de poetisa com chama e  sede de infinito.

Gostei muito deste auro-retrato. Parabens.

João Murty

muitíssimo obrigada! :)

Bem interessante o poema!

Alma de poetisa, uma poetisa misteriosa, que deixa a Brasileira curiosa...

Parabéns! Gostei!

muito obrigada pelo comentário!

Sucesso poetisa!

Beijos!