BÊBADOS DE NÓS MESMOS

A ansiedade por estar ao teu lado resseca-me a boca
Inquieta-me os nervos
Escraviza meus sentidos
Mas não reduz a eloquência e a expressão intensa dos meus atos
Tampouco a densidade da minha peculiar abordagem.
 
A cada dia aumenta a minha urgência de ti
De me guardar todo no teu ventre
A despeito de toda cama já gasta;
De explorar-te em todas as dimensões
E sob todos os pretextos;
De privar da tua generosa boca
E da tenacidade do teu colo
Até que restemos ambos inteiramente entregues
Bêbados de nós mesmos.
 
Se os opostos se atraem
Nós, semelhantes, artística e amorosamente nos completamos
Como a madrugada que, mesmo prenhe da alvorada,
Acolhe, elegante e dedicadamente, seus amantes
Os aspergindo seu amniótico orvalho 
Até que o seu rebento transmute-se nos primeiros raios da manhã.
 
Toco exatamente nos teus pontos de interrogação
Para obter as tuas incisivas e indesviáveis assertivas,
Expressivos fomentos às minhas já avassaladoras vontades
Idiossincrasia de um amor desmedido
Fazendo com que teu corpo
Além do meu cheiro
Tenha o meu sotaque.
 
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