Banalidade do mal

A origem de todas as desgraças
mora nas entranhas do conforto,
o homem se habitua ao mal,
porque ele rasteja nas traças
das coisas que bem o favorece.
 
''Se não há Deus, tudo é permitido’’
pronunciaram no inverno russo,
esqueceram que o bem faculta,
é dócil quando nós temos o luto,
quando morto o corpo já não luta.

No fim é isso, quando nada resta
mentimos ao morto sobre tudo,
mas o que o mal tem a ver com isso?
Padecemos aceitando os erros,
escondendo na poeira do tapete
esse falso baile, essa falsa festa.

Banalizando a mais pura verdade:
é na morte que fica mais lindo
a podridão do mundo tão belo,
será feio por toda a eternidade
pelo bem que assim afinco.

 

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