Biblioteca do tempo
Autor: Frederico De Castro on Saturday, 16 December 2023
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Ao colo da noite nutri a escuridão boquiaberta
volátil e voraz
Acorrentei cada breu divagando, divagando
felino e sequioso
Andrajei a alma com farrapos de um
lamento quase insidioso
Pela face dos céus escorre uma lágrima
agourenta e tão auspiciosa
Despedaça-se no desfiladeiro das palavras
carentes serenas e maviosas
Assim se faz o abecedário poético das carícias
mais ardentes, famintas e grandiosas
Na surrealidade dos desejos temporãos matura
uma prece tão ansiosa
Na biblioteca do tempo resgatam-se todas as horas
deslumbrantes e contenciosas
Ali jaz um esfaimado e suculento silêncio perdido na
lividez da noite senil e cerimoniosa
FC
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