Bilateral.

Em uma carcaça demônios habitam. Se esgueiram nas sombras tentando encontrar.
Um motivo, um lugar, um caminho. Pra fazer sua vida virar.
Eu te amo assim sem porque, puro e claro. Saiba que meu sentimento é maior do que pode crer.
Mas lá no fundo uma voz me aconselha. E coisas terríveis desejo fazer.
Deuses de Ébano a minha frente. Em danças ilícitas a me derreter.
Eros e Huitaca me levam pra longe. É de vinho e carne que se faz o homem.
Minha promessa me pesa, o que devo dizer?
A cada segundo me sinto mais fraco. A cada segundo minha vontade cai pelo chão.
O cheiro dos corpos grita meu nome. E eu anseio provar mesmo que seja em vão.
Como contar-te agora o que sinto? Como mostrar que não muda o carinho?
É só que o mundo evoca o meu íntimo. E dentro de mim existe algo maldito.
Eu brigo, eu xingo, eu faço de tudo. Para prender-me olhando em teus olhos.
Eu sofro, eu choro, eu já não sei o motivo.
O medo de perder-te ou a privação do profano a este ser nada divino.
Deixar-te agora não é escolha. Levaria de mim a luz, o abrigo.
Tudo que tenho de bom em um suspiro, perdido.
Mas a cada dia fica mais forte o pedido.
E meu centro me faz cobiçar a luxúria.
Do pecado desmedido me torno escrava.
De joelhos vou negando o destino escolhido.
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