Cão Preto - 1
Cão Preto - 1
Acordei com o ladrar de um cão abandonado. Desorientado procurava o dono com o nariz levantado caçando o vento. Corria pela minha rua, gania, entrava e saía no meu quintal, pedia comida, olhava-me, trepava pelas minhas pernas, tremia sem medo…
É um pouco grande, tem uma orelha branca caída e outra preta arrebitada, uma mancha branca no peito em forma de estrela e nada mais, todo preto como a noite. Tem olhos castanhos muito expressivos, parece hiperativo, é assim que gosto deles.
De imediato senti simpatia por ele, talvez ele sentisse o mesmo. Alimentei-o. Agora salta o muro do meu quintal, escava na relva, apanha flores e sobe para cima do toldo da garagem para espantar os gatos…
Passaram duas semanas e continua a viver por aqui, entra e sai no meu quintal quando quer. Por vezes também entra na minha garagem, olha para mim com atenção e espera que lhe dê comida. Gosta de festas na cabeça, sabe que sou seu amigo, já não chora, sorri e faz-me sorrir.
Falamos em silêncio um com o outro, utilizamos uma linguagem simples, o nosso olhar.
MS
2013