A Caixa

 

 

DECLINO A CABEÇA, FECHO OS OLHOS... E,

FICO CÃ DENTRO... AQUI,

ONDE CAMINHO, SEM ME MOVER,

AQUI, SOU SILÊNCIO.

POSSO VOAR, SEM TER O VENTO,

POSSO SALTAR, NO FIRMAMENTO,

POSSO PÔR MAR... NESTE DESERTO,

COLOCO AS ESTRELAS, NO PENSAMENTO,

DESÇO O SOL... LEVANTO A LUA,

ACORDO A NOITE, EMBALO O DIA,

GRITO CÁ DENTRO, ECOS NO VÁCUO,

NÃO ABRO OS MEUS OLHOS... JÁ TENHO LUZ

 

FICO CÁ DENTRO... AQUI,

DEIXO SEMENTES, ENQUANTO CRESÇO,

AQUI ME DISPO, AQUI ME SENTO,

BORRO DE BRANCO, A ESCURIDÃO,

PONHO SORRISOS, EM TEMPESTADES,

LEVO NO COLO, UM PENSAMENTO,

LEVANTO A TRISTEZA, PROCURO O TEMPO,

FUGA LEGÍVEL, ESCREVO... SILÊNCIO

 

RASGO MEMÓRIAS, QUESTIONO VERDADES, APAGO MENTIRAS,

E NUM SOM ENSURCEDOR, ESCONDO SEGREDOS,

NA RAIVA DISTANTE, ENTREGO O PERDÃO,

E PENSO PARA MIM... DORMI NOS MEUS MEDOS

 

DECLINEI A CABEÇA... VIM PARA DENTRO,

MAS QUERO SAIR, DO PENSAMENTO,

POIS DENTRO DE MIM, BEM CÃ NO FUNDO,

TAMBEM SOU GENTE... PORQUE,

AQUI...

POSSO VOAR SEM TER O VENTO,

POSSO SALTAR, NO FIRMAMENTO,

POSSO PÔR MAR, NESTE DESERTO,

POSSO AFIRMAR... VIVO CÃ DENTRO

 

LEVANTO A CABEÇA... FECHO A CAIXA,

DO LADO DE FORA... PARTO DO NADA,

DÃO-ME A ROUPA... QUE NA MINHA ALMA,

DESPI PARA SEMPRE... A LIBERDADE

E QUEM QUISER, QUE BEBA, A DUALIDADE,

POIS CÁ DENTRO NÃO CALO,

A MINHA VONTADE.

 

Luis Ginja

 

 

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