Gótico
Gótico
Autor: Pericles Moreir... on Thursday, 13 June 2024Gótico
No silêncio da noite
Noite soberana
Casta viúva passeia pelas penumbras de sua memória
sombras dançam, entre velhos e novos o eco lamenta
Ela veste preto, um vestido longo vitoriano
Um vento gélido sussurra segredos antigos, E nas janelas quebradas, a lua se mostra cheia.
Um castelo em ruínas, erguido pelo tempo, Guardião de histórias sombrias, segredos de lamento, nas muralhas de pedra, ecoam tormentos.
Leia-me ou devoro-te
Autor: Reirazinho on Saturday, 24 June 2023Escrevo para poluir o ar, para esfumaçar como num turíbulo a minha palavra. Sou um padre das liturgias sangrentas. A missa na qual comando, os fiéis são os meus sentidos. O tato demonstra o que espero: tocar-te no ventre dos teus segredos mais íntimos. Ser tão profundo quanto o abissal mar de tua individualidade. Sou uma musa já quase nua para o teu deleite, e para meu desejo, apenas o teu sentir mais puro. Tocarei tua lira d'alma e assim jamais me esquecerá.
Transfigurado
Autor: Reirazinho on Monday, 8 May 2023Transfigurado: a face agora e sempre pálida
embranquece nossos olhos molhados,
defunto à beira do pó a torna esquálida
nos momentos diante de tais fatos.
Moralmente morto
Autor: Reirazinho on Thursday, 27 October 2022Cortei meus desejos pulando da janela.
Pingo as lúgubres gotas de uma paixão,
infelizmente afoguei meu amor nela,
e detive quedas por quedas com meu sermão.
Fitaram meu cadavérico moralismo,
enterrado em uma estupidez antiquada,
deram-me o meu velório merecido
soterrando a faca e laminando a alma fraca.
Canção ao Metal Negro
Autor: Reirazinho on Saturday, 10 September 2022Dedico esta trova fúnebre
A ti todo teu mal caótico
A canção da sombra lúgubre
O teu desejo mais utópico.
Exterminar o que é mais parvo,
Eliminar o que é benévolo,
Protestando com todo garbo,
Escurecendo sendo malévolo.
No bosque invernal te encontro,
Murmurando ódio a esmo,
Esmaecido por vencer o monstro:
O amor que te deu desprezo.
Danse Macabre
Autor: Reirazinho on Sunday, 21 August 2022ARMADURA
Autor: FERNANDO ANTÔNI... on Saturday, 23 July 2022
i.
a sutura do entardecer
consome minhas urgências
com a cáustica volúpia
de degredo ou de dano
ii.
o que não é forma ondulada
me remete à constância
das linhas adivinhadas
que se escoam sem discordância
iii.
minha inadiável iminência
também não se dissolve
como tempestade que tarda
clamando por seus relâmpagos
iv.
desse combalido ditame
me protege cromada couraça
recobrindo minha pele e espírito
com indevassável membrana
O vento das cinzas
Autor: Reirazinho on Monday, 30 May 2022Até quando os ventos me jogarão?
Não tenho ideia ao que leva isso
Prostro mais um dia — clarão:
Estou cego pela mentira. Omisso,
Não da vida ou da sorte incerta;
A dona da tempestade bruma,
Dos júbilos da majestade serva
E Rainha da rosa murcha:
Senhorita Morte me regojize
Um último desejo material:
Incinerar meu corpo que exprime
O melodrama da vida lacrimal.
Minha existência voará ao poço
Pareidolia
Autor: Reirazinho on Monday, 30 May 2022Vejo sombras nos arames
Tateio enforcamento na luz
Querem costurar meus ossos
Sob os pecados da carne
Pisco uma ou duas vezes
E lá fito Saturno encarando
Sou tão megalomaníaco
Que acredito ser um lunático
O Deus dos fins a violar-me
Quem dera se fosse real
Deve ser a autoconfirmação
Da minha virtude desleal