Caminhando na noite

Vou a sós
 
caminhando na noite
 
transpirando todo
 
meu tempero poético
 
onde laivos
 
de chuva regam de mansinho
 
cada dobra de tempo que se
 
esvai, multiplicando nossa fé
 
engolindo esperanças
 
suspirando cada cantiga
 
que se descalça em alvoradas
 
de encanto, confidências
 
e calmaria
 
 
– Vou a sós
 
caminhando na noite
 
conversando nas ruas desertas
 
esperando a absoluta e embriagada
 
coreografia dos nossos abraços
 
até que me farte desta
 
cronologia onde deixámos
 
tatuadas as margens deste rio
 
correndo no corrimão onde por
 
fim desaguam
 
nossos sentidos,
 
em mares sem destinos
 
em gratas alucinações
 
coreografadas de improviso
 
 
– Vou a sós
 
caminhando na noite
 
desafiando o tecido luminoso do tempo
 
adornando esquivo toda a devastadora
 
cegueira levada nos ventos
 
Animarei todas as terras
 
com sismos de vitória e alegria
 
debruçada no felino amanhecer
 
com cânticos de amor
 
repartidos na tímida encenação
 
onde sopra meu profético adeus
 
buscando desvairado, cada jura
 
exausta,furtiva
 
senão por cada momento que desespera
 
enfim por cada exaltação silenciosa
 
assim como te quero
 
oh flor solitária e tão viçosa
 
por ti, ininterruptamente
 
cada dia espero
 
FC
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