CANTO DE PRIMAVERA
Autor: Soares de Passos on Saturday, 1 December 2012
Eis surge a quadra flórida, A quadra dos amores, Vertendo almos fulgores De seio juvenil. Tudo revive ao hálito Que a natureza aquece; Tudo rejuvenesce Á luz do ameno abril. Os bosques odoriferos Se cobrem de verduras: Nos montes e planuras Renasce a tenra flôr; Dos perfumados zephyros Ás musicas suaves Se juntam das mil aves Os canticos d'amor. Salvè, estação esplendida, Ó luz appetecida, Que á terra dando vida, A tudo dás prazer! Minha alma em doces extasis Festeja a tua vinda, E se ergue á luz infinda, Manancial do ser. D'onde, ó calor benefico, Derivas teu alento? E d'onde o movimento Que dás á creação? Do fóco sempre vívido Que anima a natureza Por toda a redondeza Da terra, e da amplidão. Como nos campos fulgidos Espalha essas estrellas, Assim as flôres bellas Nos campos terreaes: Quão bello, ó Providencia, É teu poder fecundo, Enchendo o vasto mundo D'alentos immortaes! Debalde o immenso vortice Retoma quanto gera: Tudo se regenera No perennal crisol, E tudo canta harmonico O Ser que, das alturas, Aos gêlos dá verduras, Ás sombras novo sol. Cantae, ó aves módulas, Cantae em côro ledo! Murmurios do arvoredo, Cantae a Jehovah! Campinas aromaticas, Erguei-lhe os mil perfumes Das flôres em cardumes Que a primavera dá! Abriu-se o tabernaculo Da terra florescente; Todo sorri fulgente, Todo respira amor: Resoem n'elle os canticos De mystica harmonia, Dizendo noite e dia: --Hosanna ao Creador!
Género: