Chamando a chuva
Autor: Frederico De Castro on Saturday, 28 February 2015
Misteriosamente se desprende
em teus beirados
gota-a-gota
soa em mim como canção
dolorosa
perfumada de aromas
matinais
E das tuas pálidas nuvens
regas de mansinho
meu sossego vagabundo
aconchegado no fundo
onde o céu dorme gemendo
de vida
até a alma se debruçar
num sono profundo
Assim aprendi o segredo
no roçar cantado da chuva
assim deixei meu tédio
num aglomerado de solidões
esquecidas
Consumi todas as ventanias
que escancararam
o eco surpreso no silêncio
Pedi,
Parti
Amei,
Confessei
Abandonei
Reflecti
a ter saudade sem tradução
nas palavras
chamando a chuva
que perfuma a Terra
assaltando à pressa
o que resta da vida
esperando somente… um desejo de absolvição
num acto derradeiro de reconciliação
FC
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