A chuva partiu
Autor: Frederico De Castro on Saturday, 2 May 2015
Diante de ti sufraguei meus votos
ponderados
temperadamente extraviados
ao luar esfíngico
iluminando nossas miragens
cegas, desesperadas
naquele eco acelerado
onde veementes iludimos unidos
o traçado poético da vida
na rota dos ventos
qual chama inapelável que brotou
silenciosa no verso endoidecido
reiterado, subtil
no derradeiro e volátil lamento meu
Adormecemos tanto desespero
mutilado
abraçámo-nos inocentes
deslumbrados
rebelando-nos inquietos
assim que a chuva partiu
e o dia marcado na teia do destino
trespassou meu curto tempo de vida
alimentou-se em tuas impetuosas
incandescências
bebeu-me até fartar
minha forjada poesia
badalada ao ritmo da nossa
indisfarsável e generosa cortesia
O mundo viu partir
o tempo precioso de muitas existências
imaginadas assim quando te peço
um gole festejado
em nossas depuradas anuências
sempre, sempre mais reicidentes
Sacudiste-me a imaginação com
provérbios saudosos
escoados nas delicias tenras
com que me incendeias
os dias mais tristes
vendo a chuva partir
e nós, pacientes
demo-nos um ao outro
assim, exigentes
loucos,sem mais reticências
Andarei atrás
daquelas tuas perpetuas surpresas
em busca de uma cura fatal
por acatar tuas preces
com indulgência
marchando ao teu redor
impondo assim cada motivo
de seres minha alegria
inscrita finalmente neste
meu livro onde sucumbe eterna
esta senhora minha poesia
FC
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