Clausura no tempo

Derrubo as grades do meu silêncio
Deixo a prisão do tempo acorrentado à
Muda e queda solidão quase requintada
 
Em clausura pernoitam as madrugadas
Alimentando o degredo de cada lamento
Onde se acoitam as palavras mais apoquentadas
 
Ficou condenado todo o meu silêncio limando
As arestas de toda a solidão ardilosa bem condimentada
Rendida agora ao sabor desta ilusão vagabunda e assustada
 
Embalo o catre inerte e vazio onde repousa uma oração
Suplicante, desabotoando minha fé sempre abnegada
Temperamental, incessante…aconchegada
 
Na cela dos meus isolamentos sucumbe pujante
Esta solitária ilusão quase insinuante deixando como
Arguido aquele silêncio que pressinto num eco tão possante
 
Escancara-se a liberdade desalgemando a alma de uma
Escravidão tão excitante tão indulgente, regando aquela afável
Serventia de prazeres condenados ao amor, ávido, esfomeado…inescusável
 
Os sonhos algemados no cárcere da perpétua solidão alimentam o ergástulo
Silêncio onde pernoito na inópia penitenciária das ilusões forasteiras, janela
Por onde defenestro deste cativeiro cada verso mais aventureiro
 
FC
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