Como um grande borrão de fogo sujo

 

Como um grande borrão de fogo sujo

O sol posto demora-se nas nuvens que ficam.

Vem um silvo vago de longe na tarde muito calma.

Deve ser dum comboio longínquo.

 

Neste momento vem-me uma vaga saudade

E um vago desejo plácido

Que aparece e desaparece.

 

Também às vezes, à flor dos ribeiros,

Formam-se bolhas na água

Que nascem e se desmancham

E não têm sentido nenhum

Salvo serem bolhas de água

Que nascem e se desmancham.

 

 

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