Conversa com um Duende
Conversa com um Duende
Dirigindo sozinho numa estrada de terra no meio do pantanal, parei pra fazer xixi. Desci do carro, observei a minha volta, nada e nem ninguém. Estrada deserta, somente a floresta a minha volta.
Estou eu fora da estrada fazendo o que tinha que fazer, bem tranqüilo, me chega um senhor bem baixinho, vestido com umas roupas engraçadas, de botas longas e me pergunta: - O que você está fazendo aí rapaz. – Perguntou ele. – Olhei pra ele e o reconheci imediatamente. Eles são muito espertos e costumam tentar assombrar as pessoas que andam sozinhas numa floresta. Como também são muito brincalhões. Então respondi: - É que eu plantei uma arvorezinha aqui e estou aguando pra ela crescer saudável. – Respondi.
Ele não esperava uma resposta dessas, devia achar que eu ia correr com medo dele, então se surpreendeu. E continuou o diálogo.
Ele – Que tipo de árvore você plantou ai?
Eu – Foi uma goiabeira, nessa região é planta rara.
Ele – E porque você não correu com medo de mim?
Eu – Eu deveria?
Ele – É o que todo mundo faz.
Eu – Você não é o primeiro Duende que eu vejo.
Ele – Mas da primeira vez você correu?
Eu – Não, não corri, na verdade eu esperava vê-lo.
Ele – E porque você queria ver um de nós?
Eu – Só pra saber se vocês existiam mesmo.
Ele – Bem, agora que você já sabe o que vai fazer a respeito?
Eu – Nada. O que você gostaria que eu fizesse? (terminei de fazer xixi)
Ele – Você não vai sair por ai contando pras pessoas não é?
A gente não quer um monte de gente boba procurando por nós
nas florestas.
Como é que você adquiriu essa possibilidade de nos ver?
Muita pouca gente consegue e quase ninguém acredita que nós existimos.
Eu – É verdade, nem todo mundo acredita e nem consegue ver vocês.
Eu tive algumas experiências com a Ayahuasca e depois disso consigo.
Mas essa é uma longa história e eu tenho que seguir viajem.
Fica pra outra vez.
Ele – Tudo bem, qualquer dia nos vemos por ai. Vou esperar a goiabeira crescer.
Eu – Claro que sim, foi muito bom conversar com você, até mais.
Entrei no carro e parti rumo a Cuiabá. Foi o terceiro encontro com uma dessas criaturas encantadas.
Charles Silva