Convidei a Morte para um copo

Convidei a Morte para um copo,
Mas já estava morto.
Deixei cair o copo,
Partiu-se no chão,
Desfez-se
E eu nem me apercebi.
Não consegui tirar os olhos dos seus olhos verdes,
Nem do seu vestido tom de pele, mais escuro que a sua.
Olhei-a por dentro,
Mas não reconheci nada,
Nem uma gota de alma,
Apenas o vazio a nadar no fundo de uma garrafa velha.
Mergulhei no seu interior,
À procura da esmeralda escondida nos seus olhos,
Mas não encontrei nada,
Apenas o vazio enterrado no seu corpo.
Convidei a Morte para um copo,
Mas já estava morto.
Bebi o seu veneno
E deixei cair o copo
Partiu-se no chão,
Desfez-se
E eu nem me apercebi.

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