Convite

Tome-se por má comparação que seja, o vicio do cigarro – que coisa louca
Não é raro que recebendo um convite
Para encarar de frente o pelotao de fuzilamento, se vá de bom alvitre
Só pelo gosto de uma derradeira vez leva-lo à boca

Ou aqueloutro que em vida que vai longe era ordeiro e dedicado moço
Agora mal chega a noite se isola no quarto pretextando qualquer mentira
Abre a janela com pressa de aceitar o convite da vampira
E goza de antemão a morte pelo prazer de entregar o seu pescoço

Se é bem verdade que faz o mesmo verbo de adorar e imolar-se
Nada retira da paixão o ser convite e entrada ao mais sublime
E quanto mais ilimitada mais a si propria se redime.
Os mais duradouros edificios são concebidos por almas em catarse

Assim se me convidas para a ultima ceia
- e novamente -
Lá vou eu e vou contente
Para te ver tão bela, quão pouco pago por me enredar dentro da teia

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