Cores

Percebo a graça do azul

Num céu branco que reflete o mar

Que reflete a vida

Que é uma parte do infinito.

 

Percebo o brilho do que é negro

Na noite que destila estrelas

Que vigiam o sono

Que precede a luz da vida.

 

Percebo o cuidado do verde

Na natureza que me cerca

E que compõe o mundo

De tantas nuances tão pitorescas.

 

Percebo a desolação do cinza

Quando vejo a vida monocromática

E olho pro lado e não te encontro,

Pois sem você não há cor.

 

E como saturar o seu castanho?

 

Só te peço um favor:

Se não te tornas real,

Abandona meus sonhos

E deixa meu sono às estrelas,

Deixa meu mundo

Para a natureza decompor.

Some do meu céu

E leva o azul contigo.

 

E não me digas que o amor é vermelho

Pois, senão esvaio-me em sangue

E morro de amor.

(in: “Expressões Impressas & Impressões Expressas”; Usina de Letras, Rio de Janeiro, 2009)

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