Coveiro

Coveiro solitário adentra à terra,
Ele cava os mistérios do mundo antigo,
Com a pá finalmente dá cabo a matéria,
O senhor dos velórios, servente cínico.

Da cova ao fogo infernal, um arcanjo infeliz,
Talvez da luz ao céu, um salvador dos espíritos:
O barqueiro Caronte dos corpos mais vis,
Navega nas marés dos rios dos mortos-vivos.

Sai do jazigo praguejando a vida lúgubre,
Ele é um nascituro contrário à luz,
Um filho designado ao espetáculo fúnebre,
Um demônio nascido anterior à cruz.

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