Crianças adultos e adultos crianças
Crianças adultos e
adultos crianças
Quando eu for
Crescido
Quero ser
Criança
E dum divertido
Inventor
Quero ter
Toda a pujança
Não quero
Ser resignado
Nem amotinado
O que espero
É criar
Um sexto oceano
E inventar
Um todo plano
E nele ir pondo
Água e sal
Com um dedal
Fino e redondo.
Quero ascender
Pequeno e colossal
E aparecer
Trivial e divinal.
Ser um catraio
De belo e gaio
Quando crescer
Quero entender
Tudo
Ser sortudo
E sonhar
No teu luar
De Agosto
Ou ao sol posto
Quero ir ao Sol
Saborear
Tocar-lhe o mole
Sem ser fatal.
Quero ser melhor
Que o professor
Quero almejar
Tudo o que amar
E ser balança
De bem e mal
E ser a lança
Do poder final.
Quero ser
Uma Criança
E então
Crescer
Para baixo
Saber dizer
Que nisso não
Me encaixo
Nem em qualquer
Dança
Deixai-me ser criança
Ficar na infância
Que há tantos
Adultos
Que sem
ser santos
Nem
cultos
Não sabem ser
Crescidos
Apenas parecer
Disso convencidos.
Deixai crianças
ser crianças
Pois há adultos
que adultos
não
o são.
E eu elejo
Ficar
No toque
E retoque
dum beijo
Com sabor
E sem dor
a amar.